data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fonte: Pixabay/Reprodução
Quando começamos a produzir esta pauta, já pedi licença aos editores para que eu pudesse compartilhar a minha história com os nossos leitores. Em 2019, comecei a falar sobre depressão no Instagram e, a cada post, sentia que acabava chegando a alguém que estava precisando ler sobre o tema. Não busco, de maneira nenhuma, suprir o atendimento psicológico e psiquiátrico que é necessário, mas, talvez, incentivar você, que possa estar passando por um período parecido ao meu, a buscar ajuda.
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Em março de 2019, comecei as aulas no doutorado em Comunicação da Unisinos. Na primeira semana, fiquei sabendo que havia sido contemplada com a única bolsa integral do curso. Então, a olhos rasos, eu tinha tudo: aprovada em um programa de prestígio, receberia o pagamento mensal para me manter em Porto Alegre, dividia apartamento com uma amiga querida e estava em um bom relacionamento.
Porém, assim que as aulas começaram, os problemas iniciaram também. Eu nunca tinha passado por uma crise de depressão e, por isso, não soube identificar de início. Durante algumas semanas, eu só queria dormir, ia para a aula chorando, não conseguia realizar as leituras necessárias, não tinha apetite - em um determinado almoço, consegui comer apenas uma fatia de pão de sanduíche -, enfim, todas as tarefas que eu fazia tranquilamente e como rotina, se tornaram um fardo.
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Depois de algumas semanas, percebi que algo estava muito errado. Liguei para minha mãe e pedi ajuda. E, aqui, foco na importância de buscar alguém que confiamos em um momento como esse. Ela, apesar de estar em outra cidade, entrou em contato com psiquiatra e psicólogo e agendou as consultas para mim. Me passou os horários de atendimento e endereços. Eu só precisei ir. Como eu já imaginava, recebi o diagnóstico de que estava com depressão ("estava", não "tinha", porque era algo que não pertencia a mim e que iria passar). Iniciei o tratamento imediatamente.
No entanto, as medicações demoram um pouco a fazer efeito e, por isso, acabei desistindo do doutorado e da bolsa. Eu tinha pânico de pensar que não daria conta de fazer tudo. Por ser muito perfeccionista, eu não admitia fazer as coisas sem dar o meu melhor. Por mais que eu tenha abandonada o curso, eu nunca desisti da vida em si e da carreira acadêmica. Eu tinha muita esperança de que a medicação faria efeito e, logo, eu voltaria a ser quem eu era. E foi bem assim.
Hoje, me vejo sendo a pessoa que eu era antes da crise: feliz, brincalhona, que quer abraçar o mundo e fazer de tudo um pouco. Recebi uma segunda chance e fui aprovada no curso de doutorado em Comunicação na UFSM.
Então, o meu recado é esse: a vida acadêmica, assim como a vida no geral, pode nos sugar - e muito. É preciso que estejamos atentos a todos os sinais, que saibamos pedir ajuda quando necessário e que tenhamos uma rede de apoio para esses momentos. Não se acanhem em reconhecer que há algo errado. E, não esqueçam: a depressão tem tratamento. Com o tratamento correto, as coisas melhoram. É uma fase difícil mas que pode ser superada. Não desistam nunca!